O Estado de S. Paulo

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Café atinge menor nível desde julho de 2009 na Bolsa de NY

Angelo Ikeka

Cenário



 
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Grande demais para quebrar
Estado de Minas
Roberto Simões
Presidente do SISTEMA FAEMG.
 
A crise econômica mundial que eclodiu em 2008 consagrou uma frase, criada nos Estados Unidos, que tem uma sabedoria irrefutável: “Grande demais para quebrar”. Na prática, ela significa que, dentro da cadeia econômica de um país ou região, existem setores que, se quebrassem, arrastariam para o abismo milhares de empresas, acabariam com milhões de empregos e contaminariam outras atividades produtivas. O resultado seria recessão e caos. Por isso, são “grandes demais para quebrar” – ou seja, não podem quebrar.
 
Cientes disso, o governo americano e de vários países da Europa blindaram, com fluxo de crédito regular e juros baixos, setores inteiros da economia, principalmente os ligados a grandes instituições financeiras. Também no Brasil, o governo 
agiu: cortou impostos de segmentos como o automotivo e linha branca e estimulou o consumo interno. A crise arrefeceu e o mundo percebeu que a frase estava certa. Tão certa que chegou a hora de ser aplicada a um dos mais importantes setores do agronegócio do país: o café.
 
Já não é segredo para ninguém que o setor cafeeiro do Brasil e do estado vive uma das mais graves crises de sua história recente. Falta crédito, sobram dívidas, os estoques estão altos e os preços permanecem baixos. O preço da saca de 60kg, que já chegou a R$ 530, está hoje na faixa de R$ 240 – o que não cobre sequer o custo de produção. Não é exagero dizer que o setor está à beira do colapso.
 
Como também não seria exagero dizer que, se tal colapso ocorresse, não seria bom para ninguém. Basta olhar os números. O estado é responsável por 51,4% da safra nacional de café. A safra mineira de 2013, de 25 milhões de sacas, se estende por mais de 600 municípios. Em 2012, as exportações mineiras de café somaram US$ 3,8 bilhões, contribuindo para o saldo positivo da balança comercial brasileira.
 
No estado, a cadeia de produção do café envolve, direta e indiretamente, cerca de 4 milhões de pessoas – mais do que toda a população da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Se o setor parasse, colocaria um ponto final no longo período de pleno emprego que, segundo dados do governo federal, o país vive hoje.
 
O governo de Minas está ciente da gravidade da crise e tem sido um aliado precioso para os produtores. Em abril, o governador Antonio Anastasia já havia solicitado ao governo federal o estabelecimento de preço mínimo para a saca. No fim de outubro, o governador voltou a apresentar à presidente Dilma Rousseff, em Belo Horizonte, uma nova pauta de reivindicações, classificando a situação como “dramática”.
 
O quadro é, de fato, dramático. As poucas medidas efetivamente liberadas até agora pelo governo federal só surtirão efeito em março de 2014. Até lá, é provável que muitos produtores já tenham encerrado suas atividades. Para evitar isso, o que precisamos agora é da interrupção imediata de todos os vencimentos das dívidas por um prazo de 90 dias e o lançamento de um programa para geração de renda para os produtores em curtíssimo prazo. São medidas de sobrevivência, que permitirão aos cafeicultores respirar e ter tranquilidade para buscar soluções sustentáveis para o setor – nossa meta principal.
 
A presidente Dilma Rousseff já demonstrou sensibilidade para auxiliar setores da economia – principalmente ligados à indústria e varejo – que enfrentavam dificuldades provocadas por turbulências externas. Acreditamos, portanto, que ela terá agora a mesma sensibilidade em relação ao setor cafeeiro. Presidente, acredite: o setor do café, no Brasil, é grande demais para quebrar. As consequências do agravamento da crise seriam dramáticas para o país. O governo federal tem recursos suficientes para evitar o colapso.

 

Dólar impulsiona receita com exportação bovina e de aves

Camila Souza Ramos

A valorização do dólar até agosto deste ano tem ajudado os setores de carne de boi e de frango a aumentarem suas receitas com exportação na comparação com o ano passado


 

 

A valorização do dólar até agosto deste ano tem ajudado os setores de carne de boi e de frango a aumentarem suas receitas com exportação na comparação com o ano passado, mas os dois setores continuam apresentando cenários divergentes neste segundo semestre. Enquanto os embarques de boi cresceram mais em volume embarcado, a Avicultura tem ganhado nos preços das aves no mercado externo. 

De janeiro a agosto, os frigoríficos brasileiros faturaram R$ 4 bilhões com exportação de carne bovina e R$ 5,8 bilhões com produtos avícolas. Em volume, as exportações da bovinocultura alcançaram 944 mil toneladas ante 2,684 milhões de toneladas por parte da Avicultura. Os dados foram divulgados ontem pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef) e pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). 

Na comparação com o mesmo intervalo de tempo do ano passado, a exportação de carne bovina evoluiu mais em volume (20,57%) do que em receita (14,12%), já que o dólar valorizado reduziu o preço da carne brasileira no mercado externo. Já as exportações de aves renderam 7,4% apesar de uma ligeira queda nos volumes embarcados (de 2,6%). 

O descompasso é resultado dos preços das duas carnes no mercado externo. Enquanto a carne de frango se mantém acima dos patamares de 2012, os preços da carne de boi têm sido reduzido pelos importadores no exterior. 

No entanto, a redução nos embarques de frango pode ser revertida até o final do ano com a abertura de novos mercados, segundo o presidente da Ubabef, Francisco Turra. As compras iniciadas pelo mercado mexicano e os baixos estoques de aves no Japão e na União Europeia (UE) o fazem acreditar que o setor pode exportar até 1% mais que em 2012. 

Com a perspectiva de alcançar novos mercados em um cenário de manutenção do dólar valorizado, a Ubabef aumentou a perspectiva de crescimento do faturamento do setor avícola neste ano com exportações para 10%, o que significa que a entidade aposta em uma receita de US$ 9 bilhões. No início do ano, a Ubabef acreditava em uma alta de apenas 3%. 

A expectativa do setor de carnes de boi também é de receita recorde com exportação neste ano, mas ancorada apenas no câmbio. Segundo o diretor da Abiec, Fernando Sampaio, a estimativa é que o faturamento com os embarques fique acima dos US$ 6 bilhões, com cerca de 1,3 milhão de toneladas comercializadas. 

Impacto no mercado interno 

Apesar do aumento do volume de carne de boi exportado, Sampaio não vê possibilidade de desabastecimento do mercado interno. "A exportação serve para o frigorífico encontrar certo equilíbrio, porque o mercado interno consome mais cortes traseiros que dianteiros. Para vender corte dianteiro temos que achar saída em mercado lá fora", explica. 

Alex Lopes, da Scot Consultoria, ressalta ainda que o aumento dos abates neste ano tem garantido a oferta de carne no País. "Em ano de aumento de oferta, com abate de fêmeas, as exportações praticamente não têm impacto nenhum ao consumidor final." 

Já no caso das aves, apesar da redução dos volumes, as exportações continuam em um patamar alto, o que, segundo Turra, "tem ajudado a regular o mercado interno". "Isso tem sido fator determinante para obter preços melhores que têm ajudado a recuperação da crise do ano passado."

k original da notícia
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